De olhos (bem) fechados
Escondido na escuridão
e abrigado da confusão
autorizo-me a fechar os olhos!
Procuro esqueletos do passado
enquanto recordo memórias futuras.
Bato palmas ao sono
e aponto a locais perdidos.
Converso em segredo
e abrigo-me em Invernos chuvosos.
Com os olhos fechados
lanço pedras à imaginação.
Desenho a silhueta da distração,
escrevo palavras de exaltação
e apago pontos de interrogação.
Com os olhos fechados
aponto à morada dos sonhos
e desço a calçada da realidade.
Sacudo a fadiga
e dispo a responsabilidade.
Dou um jeito na vaidade
e deixo para trás a idade.
E assim me deixo ficar,
no burburinho da solidão.
Onde os olhos fechados
abrem as portas da razão.