sábado, 18 de julho de 2015


Conversa com o Tempo

Sentado numa das poltronas da cidade,
Ouço as queixas do Tempo!
(que saudades daquele Tempo que não se queixava!)

Fala-me do perfil dos que se ocupam em poupá-lo
ao invés de o rentabilizar!
Respondo com a cabeça, porque percebo o que diz,
mas pergunto-lhe se essas pessoas não têm o direito de perder tempo!

Diz-me que não! Diz-me que ele, o Tempo,
não é renovável, quanto mais infinito!
Eu até penso que os que perdem tempo permitem
que os outros o ganhem, mas compreendo
que seja uma visão egoísta!

Olha-me e pergunta-me sobre o que sei sobre ele!
"És só mais um preguiçoso que se preocupa comigo,
mas fazes pouco para me proteger!", aponta-me.

Se calhar tens razão, mas sabes que a culpa não é minha!
A culpa é dos teus companheiros de casa,
o conforto e a preguiça, respondo-lhe no imediato!

"Merda, para ti e para vocês todos", atira-me.
"A vida tem o valor de um instante!
Tu não vales mais que um instante percebes?"

Até aí já tinha percebido!
Até fui eu que o disse o primeiro!
Mas falta-me saber quanto vale um instante!
É que tenho a certeza que há pessoas que o vendem!
E aí, permite-me dizer-te, serão mais os instantes
cotados em bolsa do que os gastos em vida!

"Então não vendas o teu tempo,
preocupa-te em investi-lo!
Nesta vida sem tempo, somos dias inacabados!"

Tens razão! A próxima rodada é por minha conta!