quarta-feira, 9 de junho de 2010

Divagação

Peço a mim mesmo:
- Ofereces-me um cigarro?
- Aqui tens!
Assim começa uma aventura lirica!
Sem «por favor»,
dou uma passa no orgulho,
travo o conceito
e expiro a decadência!
Apanho-me ausente e
solto uma gargalhada!
Meio narcotizado,
caminho como gente morta,
mais vivo do que nunca!
O eco da loucura visita-me!
Saúdo-o!
Às escuras, mas com prudência,
rego-me com água benta e
acendo um fósforo!
Incendeio-me!
Ainda em lume brando,
salto para o palco de todos
os poetas de rua: a urbe citadina!
Por lá, aceno às segundas-feiras
que percorrem o embaraço cristão,
enquanto as labaredas barrentas
lembram que não somos de plasticina,
mas sim de argila!
Deixo um recado às gentes acabrunhadas:
Não somos assim tão fáceis de moldar!
... Mais tarde, ao entardecer,
finalizo o cigarro da alienação
e abrigo-me da chuva que ameaça
circunscrever a tocha da imaginação,
oprimindo os que dela sobrevivem!